quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

"O Gigante despertou", Carlos Eduardo Novaes (Exclusivo para o Blog do PC)

Como alguém aqui tem que trabalhar, mesmo nas férias, passei o dia na rua correndo atrás do vil metal. Chego em casa e, após um xixizinho básico, venho saber das novidades. Antes, uma conferida nos e-mails. E para felicidade geral dos sócios do Blog, mais um presente do Mestre Carlos Eduardo Novaes.

"Não sei se o time estava devendo tal exibição a sua torcida ou se os torcedores estavam devendo tal apoio ao time. O que sei, com absoluta certeza, é que há tempos não se via uma comunhão tão completa entre o Botafogo e sua galera.

Se os poucos gatos pingados que estiveram em Quito se arrependeram da viagem – diante da pífia exibição do time – estou certo que eles seriam capazes de dar a volta ao mundo para assistir a atuação de gala com que o Glorioso passou por cima dos equatorianos na noite de quarta-feira. Noite que já gravou sua presença na história do clube.

O Botafogo esteve irreconhecível (irreconhecível para melhor, bem entendido). Esqueceu aquele futebolzinho burocrático – que vem da época do Osvaldo de Oliveira – de toquinhos para os lados e bolas lançadas ao léo dentro da área e como um gigante desperto transformou-se no time dos nossos sonhos: reduzindo espaços, com a faca entre os dentes e construindo jogadas verticais  (ufa! até que enfim!) que, com pouco mais de sorte, poderia dobrar o tamanho da goleada. Jefferson teve tanto trabalho quanto o equatoriano Ramirez em Quito. Ou seja, nenhum.

Confesso que antes da partida uma nuvem negra atravessou minha cabeça lembrando a final da Copa do Brasil em 1999 contra o Juventude quando o Botafogo botou água no entusiasmo de mais de 100 mil torcedores no Maracanã. Vai ser uma tragédia grega, pensei, nem quero imaginar a possibilidade. Nos movimentos iniciais do jogo porém, ficou claro que este era outro Botafogo e não iria deixar barato. A solada de Marcelo Mattos, logo nos primeiros minutos mostrou ao Deportivo quem iria cantar de galo naquele terreiro.

Marcelo Mattos, por sinal estava mais tenso do que uma corda de violão, e cheguei a temer por sua expulsão. Mais pilhado do que ele estava o lateral Edilson que fez uma bela partida, mas deve agradecer ao juiz por sua permanência em campo depois de um “carrinho assassino”. Das cadeiras era possível observar os nervos de Edilson à flor da pele, que a continuar com tamanho desequilíbrio emocional é o meu favorito para ser expulso em algum próximo jogo da Libertadores.

Quando se vence por 4 a 0 fica difícil apontar deficiências. Saltou aos olhos apenas as dificuldades do “tanque” Ferreira com a bola nos pés. Bem mais fácil é indicar as melhores contribuições para a chamada insofismável vitória.

O lateral Julio Cesar jogou uma partida excepcional, como não o vi fazer em todo o Brasileirão. O uruguaio Lodeiro – que parece ter três pulmões – correu o campo todo e só lhe faltou um gol – precisa passar “giz no taco” –
para consagrar sua atuação. Elias mudou o jogo do Botafogo ao entrar no segundo tempo participando dos três últimos gols. No segundo deixou Wallyson na cara do gol com um passe de precisão cirúrgica digno dos melhores armadores. Por fim Wallyson, um artilheiro com a pontaria, o senso de colocação e – mais importante - a frieza que tem faltado aos nossos atacantes. No gol em que cortou um zagueiro dentro da área e colocou a bola com a mansidão de quem sabe o que faz lembrou-me o deputado Romário nos seus melhores momentos.

Enfim o Botafogo atravessou o Rubicão da Libertadores, os torcedores foram felizes para casa (ou parar os bares), o técnico Eduardo Húngaro garantiu seu emprego e o time tem um longo caminho a percorrer pela America do Sul. Já na próxima terça-feira vai encarar o argentino San Lorenzo de Almagro que – para os que não sabem – é o time do Papa Francisco. Para superá-lo, só acreditando que Deus é brasileiro... e botafoguense. Assim vamos papar o time do Papa. "

11 comentários:

Programa Conexão disse...

Belo artigo de Novaes - o que soa redundante. Ele faz muita falta. Assim como o bom futebol e o Botafogo. Seja bem vindo Novaes!!!

Fábio Lau

Marcos Paret disse...

O Papa é San Lorenzo mas Deus é alvinegro.

E o sentimento do CA Novaes foi o mesmo que tive (e externei em comentário lá no meu blog): fui para o Maraca sabendo que teríamos outro junho de 99, em matéria de povo/torcida e também com medo de que o jogo se amarrasse como aquele se amarrou. Esqueci que a vocação deste time de hoje seria a do ataque, com atacantes prontos para o que desse e viesse (até o ainda em má forma Ferreyra meteu bola na trave).

Naquele jogo do time do Bebeto, não tínhamos também um atacante de respeito e foi justamente o que faltou para que aquela tarde de (a conta é minha) 110 mil alvinegros presumidos pela mídia mas, pela invasão e pelo que víamos do movimento da arquibancada atrás do gol da UERJ, pelo menos uns 130 mil depois que as bilheterias foram abertas logo no início da partida (os ingressos, em número de 100 mil, se esgotaram e deixaram o povo entrar).

Na terça vai ser osso. O time argentino é arrumadinho, ou seja, defesa segura, meio de campo que cria e que cria para homens lá na frente em condições de concluir (tudo o que os equatorianos não eram capazes de fazer ontem).

Marcos Paret disse...

O Papa é San Lorenzo mas Deus é alvinegro.

E o sentimento do CA Novaes foi o mesmo que tive (e externei em comentário lá no meu blog): fui para o Maraca sabendo que teríamos outro junho de 99, em matéria de povo/torcida e também com medo de que o jogo se amarrasse como aquele se amarrou. Esqueci que a vocação deste time de hoje seria a do ataque, com atacantes prontos para o que desse e viesse (até o ainda em má forma Ferreyra meteu bola na trave).

Naquele jogo do time do Bebeto, não tínhamos também um atacante de respeito e foi justamente o que faltou para que aquela tarde de (a conta é minha) 110 mil alvinegros presumidos pela mídia mas, pela invasão e pelo que víamos do movimento da arquibancada atrás do gol da UERJ, pelo menos uns 130 mil depois que as bilheterias foram abertas logo no início da partida (os ingressos, em número de 100 mil, se esgotaram e deixaram o povo entrar).

Na terça vai ser osso. O time argentino é arrumadinho, ou seja, defesa segura, meio de campo que cria e que cria para homens lá na frente em condições de concluir (tudo o que os equatorianos não eram capazes de fazer ontem).

Marcos Paret disse...

E a palhaçadinha continua.

O jornal da emissora que manda anunciou falar de esporte no último capítulo mas a competição gelada na Rússia, que interessa menos aos brasileiros do que uma panqueca americana, tomou conta do espaço e nenhuma menção foi feita ao artilheiro da Libertadores e ao show de bola de ontem, noticiado até no país do time que perdeu o jogo.

O BOTAFOGO INCOMODA MESMO MUITA GENTE.

Marcos Paret disse...

Wallyshow disse que foi o melhor momento da sua vida depois do nascimento do filho.

Para curtir com o herdeiro então, levou-lhe de presente um chocolate.

Xô-Quito.

Marcos Paret disse...

O Dep. Quito viajou sonhando, achando que o Botafogo era um reles pagador de micos internacionais e assim, muito mal informado, vejam aonde foi treinar o time lá do morro...


http://oglobo.globo.com/esportes/deportivo-quito-fecha-parte-do-treino-imprensa-11492335?topico=libertadores-2014


Não deu outra. Juntou-se com gente que só entra no torneio para pagar micos (inclusive o de 1981).

Anônimo disse...

E muita baboseira e pouco título. Pronto falei.

Cristian Hofman disse...

O que foi epico para voces e rotina para nos!
Isso e abismo!
Saudacoes do gigante de fato!

Mario_av disse...

Atravessado o Rubicão, vamos ultrapassar fronteiras.
Alea jacta est.
(sim, desta vez tive que ir ao dicionário).

Resta agora aguardar o Novaes na quarta, confirmando que Deus é Botafoguense.

Unknown disse...


http://www.youtube.com/watch?v=emOSI3Fa8BU

eduardo schiefler disse...

"Xixizinho básico ??"
depois fala do xexa !!
:)