Carlos Eduardo Novaes e o breu do Abreu

Mestre Carlos Eduardo Novaes acaba de enviar mais um texto exclusivo para o Blog do PC. Novaes é imparcial como todo botafoguense e mete o pau no Abreu. 


Diz aí, mestre:

Sinceramente não sei de onde vem tanta veneração do torcedor botafoguense pelo Abreu. Não será do seu futebol que o uruguaio jamais se firmou nos mais de 10 clubes por onde passou. Talvez venha da personalidade, ou da altura, ou do discurso articulado.

Se Abreu jogasse a metade do que fala, discute e gesticula em campo com certeza mereceria toda essa idolatria.

Mas a unanimidade que o abraçou em sua chegada ao clube já apresenta algumas rachaduras e hoje não são poucos os torcedores que contestam sua importância para o time.

No jogo contra o Fluminense, Abreu não deu um único chute a gol e conseguiu uma só cabeçada (para fora) nas dezenas de bolas lançadas pelos companheiros à procura de sua testa. É verdade que em matéria de passes e cruzamentos errados o Botafogo é um recordista, mas, reconheçamos, Abreu nunca está onde deveria estar. Tem se mostrado bem mais efetivo afastando as bolas nos escanteios dos adversários (único momento em que aparece no seu próprio campo). Se Abreu não cabeceia nem chuta a gol por que então não experimentá-lo como zagueiro?

Na frente, Abreu tem sido um poste, e um poste mal iluminado. Se o torcedor observá-lo em campo (sem paixão), vai perceber sua lentidão, suas dificuldades para controlar uma bola e constatar que ele perde mais gols do que faz. Como se não bastasse, sua presença, fixo dentro de área é de uma ajuda inestimável a organização da defesa adversária.

Está mais do que na hora do treinador oferecer aos torcedores um ataque mais ágil, de mais mobilidade, com um centro-avante que fale menos, jogue mais e recue até sua intermediária quando for preciso. Digo sempre que quando Abreu não faz um gol é como se o Botafogo jogasse com dez. Dar um descanso ao uruguaio permitiria também ao time sair desse monótono samba de uma nota só, alçando intermináveis bolas sobre a área adversária para ver no que vai dar.

Alguém argumentará que com Abreu o Botafogo teve o ataque mais positivo da Taça Guanabara. Pois prefiro que tenha um ataque menos positivo contra os pequenos e vença os grandes. Depois do jogo com o Fluminense o técnico O.O. declarou que “dominamos todos os adversários que enfrentamos, à exceção do Flamengo e Fluminense que não vencemos...” Ora, se não foi superior à dupla Fla-Flu e não jogou contra o Vasco, quem o Botafogo dominou? O Olaria? O Resende?

Na volta de Jobson, agora em março, o Botafogo terá a oportunidade de testar uma nova formação com Abreu no banco. Só não sei se o técnico terá coragem de barrá-lo, mas se assim não for, que ao menos o demova da idéia de bater pênaltis. Nem cara a cara com o goleiro Abreu está conseguindo justificar sua condição de ídolo.