O Balanço da Rodada, por Sydd Benn, o Interino Bebum: "Os devaneios de um flamenguista"

José Luis F, o maior colunista do Brasil, continua de férias . Soube que está nas Ilhas Virgens. Em razão disso, sou obrigado a optar por uma solução caseira, mais barata, mesmo que obrigue meus milhões de leitores a ler devaneios framengueiros de um sujeito que acha que o Framengo perde roubado e o Botafogo ganha roubado. Mas por R$ 1,99 vocês queriam o quê?

"A rodada foi boa para os times cariocas. Fluminense e Botafogo ajudaram seu time co-irmão, o Flamengo, a garantir sua vaga na Libertadores e a se aproximar do título".

Mas a rodada foi boa não só por isso. Com as vitórias deste domingo, Fluminense e Botafogo mantêm-se mais uns dias com o nariz acima de linha d'água. O que é bom. Aumenta a auto-estima desses times tão sofridos.

Há anos não venciam todos os cariocas numa mesma rodada no Brasileiro. E, sinceramente, não me lembro da última vez em que Fluminense e Botafogo venceram numa mesma rodada, embora acredite que isso tenha acontecido alguma vez.

Mas, vamos ao balanço de cada time.

Fluminense - Com a virada no jogo contra o Cruzeiro, confirmou o que tenho dito: é um time que tem camisa, tem tradição e, diferentemente de outros que têm como único objetivo neste campeonato não cair para a segundona, não pode ser classificado de amarelão. Por isso, dos dois cariocas, acho que é quem tem mais chances de não cair. Ainda assim, sua situação é muito difícil. De qualquer forma, a saída de alguns velhos que na juventude já não eram grande coisa e, agora, só atrapalhavam, melhorou o time. A volta de Fred também ajudou. Para dificultar tudo há a presença de Cuca - técnico que tem mais a cara de um time chorão (não cito o time que me vem à cabeça para não parecer implicante).

Botafogo - Pela terceira vez consecutiva foi ajudado pelo juiz. Um pênalti claro no D'Alessandro foi ignorado. Vejam bem, meus amigos, isto não é um acusação ao Botafogo, clube pelo qual estou torcendo e que é praticamente (ao lado do América) meu segundo time. Desejo, do fundo do coração que ele supere, o quanto antes, essa situação que o persegue a cada ano: ter como aspiração máxima a permanência no grupo de elite do futebol brasileiro. Mas é inegável que os juízes estão dando uma mão ao Botafogo. Ao serem ajudados a cada semana pela arbitragem, pelo menos os botafoguenses param de chorar.

Mas, que fique claro: o Botafogo tem que se ajudar também. Não basta os juízes roubarem a seu favor. No jogo com o Flamengo, por exemplo, teve um pênalti inventado. Mas - vejam que insanidade, que compulsão suicida! - o "vibrante" Lúcio Flávio foi designado para cobrá-la. E logo contra o Bruno. Como se sabe, nessas ocasiões o suposto maestro botafoguense já chega verde na bola. Olha para o gol e vê um gigante de cinco metros de altura defendendo umas balizas que mais parecem de futebol de botão. E, aí, as coisas ficam difíceis.

Outro fator deve ser considerado: o Botafogo está com sorte. Neste domingo, depois de fazer 1 a 0 aos dois minutos de jogo, passou 90% de tempo em seu campo dando chutões para onde o nariz apontava. E não levou o gol de empate. Claro que foi ajudado pela incompetência absoluta do Internacional, cuja única jogada era o chuveirinho.

Por fim, um elogio: agora que aposentou aquele pirilampo presepeiro de rabo-de-cavalo, o Botafogo tem um goleiro. Não chega a ser uma maravilha, como todos veremos até o fim do campeonato, mas, pelo menos, tem mais de 1,70 de altura.

Enfim, nos resta torcer para que o Botafogo não chegue à última rodada dependendo de um resultado, porque, neste caso, será fatalmente vítima de seus nervos frágeis. Como se sabe, há décadas o Botafogo amarela nas decisões.

Flamengo - Vai mal. Vejam bem, amigos. Quando digo que o Flamengo vai mal é porque sua meta não é escapar do rebaixamento (como nos casos de Botafogo e Fluminense) ou voltar à divisão de elite (como Vasco e Duque de Caxias). Seu objetivo é o título. Por isso, tem que jogar mais do que vem jogando.

Há poucos dias chegou a ser dominado no segundo tempo contra o Botafogo, que, como foi dito, tem como ambição máxima não cair. Isso é inconcebível.

Depois, não atuou bem contra o Barueri. É verdade que teve um gol legítimo anulado e, depois, sofreu um gol irregular. Uma arbitragem correta teria mudado o destino do jogo. Mas time bom passa por cima de arbitragens facciosas.

E neste domingo, fez um jogo parelho contra o modesto time do Santos. Isso é muito pouco.

Petkovic - o craque no campeonato - tem que se recuperar logo da contusão. E os dois laterais - que já mostram que sabem jogar - têm que melhorar, pois estão muito abaixo do que podem render.

Mas o principal problema do Flamengo está fora dele. É inadmissível ser roubado há cinco jogos consecutivos. O Flamengo é time grande. Fosse outro já estaria chorando diante da TV, pedindo para que a torcida não vá mais aos estádios. Com o Flamengo, não. O juiz marca um pênalti roubado? O Bruno defende. O juiz marca um segundo pênalti roubado? O Bruno defende de novo. Mas não devemos nos iludir: isso tem limites. Algum dia o cobrador não será gente do tipo Lúcio Flávio (ou Juninho, ou Alessandro, ou Emerson, ou Vitor Simões, ou André Lima, ou Reinaldo) ou, ainda, Ganso e a bola vai entrar. Mesmo que na meta esteja o melhor goleiro do Brasil.

Vejamos as últimas cinco partidas. O Flamengo foi prejudicado contra o Vitória, voltando de Salvador com um empate, quando deveria ter vencido a partida. Depois, em quatro joigos foram quatro pênaltis mal marcados (contra o Palmeiras, contra o Botafogo e dois contra o Santos). Houve ainda um gol legítimo anulado no início do jogo com o Barueri. E um gol em impedimento do Barueri validado. Mais: em seguida, por conta da mala branca, o Barueri afasta dois dos melhores jogadores do jogo contra o São Paulo, adversário direto do Flamengo, que, aliás, teve um pênalti contra si não marcado.

Tem razão o professor Andrade. Algo estranho está ocorrendo. É preciso que a diretoria tome alguma providência.