terça-feira, 6 de fevereiro de 2007
Internet X Jornais (A minha aluna atenta vai adorar)
Política na internet: 10 grandes tendências atuais
A internet avança a passos largos na política dos Estados Unidos. Portais de notícia, blogs e sites de movimentos, partidos e candidatos sugam rapidamente os leitores dos jornais e revistas e ouvintes de rádio como primeira fonte de obtenção de informações políticas em anos eleitorais. Em algumas faixas da população, a internet rouba público até mesmo das emissoras de TV.
A conclusão é de um estudo elaborado pelo Pew Internet & American Life Project, iniciativa do Pew Research Center for The People and The Press, um instituto de pesquisa independente e não-lucrativo com sede em Washington. As entrevistas foram feitas entre 8 de novembro e 4 de dezembro de 2006, logo após as eleições para deputado e senador, com uma amostragem de 2.562 pessoas, com 18 anos de idade ou mais. No total, 31% de todos os americanos adultos (ou 46% dos usuários de internet) disseram que estiveram online em algum momento da campanha de 2006 para coletar informações em sites ou trocando opiniões via e-mail. O instituto batizou essa categoria de “usuários de internet em eleições”.
A seguir, confira dez entre as grandes tendências nas relações entre a política e a internet nos Estados Unidos, extraídas do relatório. Para facilitar a leitura, o estudo foi resumido e adaptado por mim para o formato de lista com dez tópicos, tomando por base os números e as conclusões dos pesquisadores Lee Rainie e John Horrigan, autores do relatório.
1. A internet deixou de ter influência periférica nas eleições
A proporção de americanos que dizem que a internet foi sua principal fonte de notícias e informações sobre as eleições quintuplicou desde 1996 e dobrou entre as eleições para deputado e senador em 2002 e 2006. Cerca de 15% de todos os americanos dizem que foi na web que obtiveram a maior parte das notícias sobre as eleições em 2006.
2. A internet já empata com os jornais entre os usuários de banda larga residencial
Para algumas faixas da população, a internet se tornou mais importante que a mídia clássica. É o caso de quem tem banda larga residencial (tecnologia muito mais disseminada do que no Brasil). Em 2006, para 27% dos entrevistados com banda larga residencial, a internet foi a principal fonte de informação de notícias sobre as eleições. Esteve taco a taco com os jornais (28%). A balança pende para a internet, quando se trata de usuários de banda larga residencial com menos de 36 anos de idade. Entre eles, descritos pela pesquisa como “altamente engajados e conectados”, há uma proporção de 2 para 1 em favor da internet em relação aos jornais.
3. A internet debilita rapidamente a penetração de jornais na população como um todo
Quando se trata da população em geral, os jornais têm 34% das preferências contra 15% da internet, em termos de informação política. Mas os jornais caíram muito: em 1996 exibiam vigorosos 60%, agora desidratados para 34% em 2006.
4. A internet já empata com o rádio entre a população em geral
A audiência do rádio vem se mantendo relativamente estável na última década. Mas a internet, com 15%, concorre com o rádio (17%) como principal fonte de notícias políticas. Sem surpresa, as televisões ainda vencem a corrida da informação política – com grande vantagem. De todos os americanos, em novembro de 2006, quando se trata de notícias políticas, 69% de todos os americanos dizem que recorrem à TV para obter a maior parte das notícias sobre as eleições – o dobro daqueles que citaram jornais (34%), quatro vezes mais do que os que mencionariam o rádio (17%) e a internet (15%).
5. Surge uma nova militância, o ativismo político online
A pesquisa perguntou aos entrevistados se eles haviam criado e compartilhado conteúdo político por ocasião da campanha de 2006. Os internautas declararam ter publicado ou passado adiante comentários políticos próprios em fóruns, sites ou blogs, seja em forma de textos ou de gravações de áudio e vídeo. No total, 23% dos usuários de internet em eleições fizeram pelo menos uma dessas coisas.
6. Grandes portais e veículos da grande imprensa dominam o conteúdo político na internet
As fontes mais estabelecidas de notícias continuam a atrair maior atenção dos internautas. Foram citados os seguintes tipos de sites, em mais de uma opção: portais de notícias como Google News ou Yahoo! News (60%); sites de redes de TV como CNN.com ou ABC.com (60%); sites de veículos regionais ou locais (48%) e de jornais de circulação nacional como The New York Times ou USA Today (31%). Com freqüência, os internautas recorrem também a outras opções como portais da administração pública federal, estadual ou municipal (28%), blogs (20%), sites dos candidatos (20%) ou sites de sátira e humor como The Onion ou The Daily Show (19%).
7. Os internautas conferem as posições de candidatos e acompanham a troca de acusações entre eles
Metade dos usuários de internet em eleições procuraram por informações sobre posições de candidatos a respeito de problemas ou questões suscitadas na campanha. Em resposta múltipla, 41% buscaram checar online a veracidade de acusações feitas entre os candidatos.
8. Facilidade de uso e pluralidade da internet são os principais atrativos
De cada dez usuários de internet em eleições, sete dizem que a conveniência é a principal razão de acesso, o que parece se mostrar coerente com o uso da web de uma maneira geral. Quase dois terços dos usuários de internet em eleições dizem gostar dos recursos de notícias online, porque oferecem mais material do que obtêm em outras mídias noticiosas.
9. O interesse pela informação na internet é suprapartidário
Republicanos e democratas recorrem igualmente à web. Mas as pessoas que se declaram mais à esquerda tendem a ter um grau maior de participação do que os conservadores.
10. Vídeos na rede viram demolidores de reputações
A campanha de 2006 marcou um momento de avanço importante do vídeo postado na internet, com efeitos demolidores sobre as reputações dos candidatos. Cerca de 21% de usuários de internet em eleições assistiram clipes na campanha eleitoral. Um deles minou as chances eleitorais do senador George Allen. No vídeo, por duas vezes, ele chama de “macaca” um jovem da campanha adversária que o filmava durante uma reunião pública. De ascendência indiana, o rapaz se chamava Shekar Ramanuja Sidarth. O senador não conseguiu se livrar da pecha de racista.
A íntegra do estudo (inglês, em formato PDF) pode ser encontrada aqui.
http://www.pewinternet.org/PPF/r/199/report_display.asp
Flamínio Fantini é jornalista, ex-editor executivo das revistas Veja e Istoé, em São Paulo, e ex-editor do Jornal do Brasil, no Rio. Atualmente, faz uma pesquisa sobre blogs e tendências da internet no Brasil.
Minha fonte: Blog do Noblat
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