Ilustração: Cláudio Duarte
Não sou muito de usar a camisa do Botafogo na rua. Só coloco em ocasiões especiais. Como se fosse um traje de gala. E fiz isso hoje. Ao passar pela portaria do meu prédio, Renato, porteiro framenguista, fanático como todo framenguista, tentou zoar:
“Botou a camisa do Botafogo só por causa de um jogo? Por causa de uma vitória?”
Como torcedor de time comum, Renato jamais entenderá a grandeza de ser Botafogo. Botafoguense quando bota a camisa do time e sai às ruas não precisa justificar os jogos, os títulos e outras conquistas do próprio time.
Disse apenas pro Renato que o Botafogo tinha conquistado mais uma vitória em um simples jogo, sim. Mas sem ajuda da arbitragem. Como ocorreu na semana passada com o Framengo, que precisou de dois gols anulados de um mesmo jogador adversário para escapar do rebaixamento.
Botafoguense quando anda com a camisa do Botafogo na rua não é que nem framenguista que tem que explicar como ganhou do Galo aquele jogo em que o José Roberto Wright expulsou metade do time mineiro; ou porque insiste em dizer que é hexa e acha que foi campeão brasileiro de 1987; como conseguiu o Brasileiro de 1992; como foi “tri” carioca de 2007, 2008 e 2009; como foi campeão brasileiro de 2009 graças aos times adversários que entregaram os jogos etc. E bota etc nisso.
Não é que nem vascaíno que tem que explicar como conseguia títulos em São Janu na era Eurico. Precisa dizer mais ou vamos ter que falar do jogo do alambrado contra o modesto São Caetano e daqueles pênaltis marotos em São Januário marcados aos 40 e tantos do segundo tempo para o Roberto Dinamite salvar o time e fazer história no clube?
E o tricolor? Ora, o tricolor sempre foi conhecido como timinho. Time de bairro, que sempre dependeu de um advogado para ganhar os jogos que perdia no tapetão. No campo foi campeão de 1971 graças a um tal de Marçal Filho. Ganhou jogos com gols de mão e maltratou pequenos como Bangu e Volta Redonda. Hoje, nas mãos de um mecenas, acha que é o tal e compra tudo.
Ora, vocês dirão, o Botafogo também já foi beneficiado pela arbitragem. E insistirão em lembrar de três lances “duvidosos” em mais de 100 anos de história: o suposto “impedimento” do Túlio em 1995, o suposto empurrão do Maurício em 1989 e o suposto pênalti não marcado pelo Simon em 2006. Esquecerão, claro, os anos em que o Glorioso foi garfado no Carioca (não há como enumerar aqui; são muitos), no Brasileiro (1971, 1992, aquele ano em que o São Paulo usou gandulas como segurança, 2006 etc etc etc) e Copa do Brasil (Márcio Resende de Freitas contra o Juventude e Ana Paula de Oliveira contra o Figueirense).
Essa é a diferença entre andar com uma camisa do Glorioso na rua e andar com uma camisa de time comum.
Poderia dormir sem essa, meu prezado amigo Renato.
* Artigo produzido originalmente para meu Blog no JB, onde a turma do arco-íris está mostrando as asinhas.
10 comentários:
PC, esse seu post está mais afiado que facão de açougueiro.
Sobre o Zé Rouberto Wrong, alguém já viu a Globo lembrar daquele jogo "polêmico" contra o Galo na Libertadores em algum programa esportivo? Em alguma transmissão? E o Sportv?
Abs
Pablo
Haha, true story.
Mas você não quis dizer 1982 (em vez de 1992), PC, no brasileiro contra o São Paulo?
Abraço,
Mauricio
Verdade , PC.
Já fi as conta dia desses e publiquei. Mesmo antes da era Eurico, o Vasco já tinha mais títulos que o Faísca. Essa e a diferença entre o Vasco e o Faísca: títulos.
Torcedor do notafofo e igual a quem diz que "dinheiro nao traz felicidade" pubesça, e pobre!
|
PC, o ano que o São Paulo usou os seguranças armados como gandulas foi 1981, na semifinal do Brasileirão. Esse jogo entrou para o Guiness por ter o intervalo mais longo da história do futebol: 38 minutos.
|
Obrigado por lembrarem o ano do jogo da vergonha do São Paulo. Em 1992, meu caro Maurício, foi aquele ano do suspeito título do Framengo. Como sempre suspeito e como sempre sem mérito. A campanha do Botafogo foi muito superior e na final surgiram aquelas suspeitas e aquela vergonha que foi a atuação do Renato Gaúcho, persona non grata ao Botafogo.
Perfeito PC! Perfeito!
Quanto ao nosso querido Médici, o papo é o de sempre dos torcedores comuns. A velha conversinha dos títulos. O mesmo papo dos framenguistas e agora até mesmo dos tricolores. E este post tem apenas FATOS.
A diferença entre Botafogo e vasco é o reconhecimento mundial.
Compare a relevância histórica do Botafogo para o futebol. Dá pena do vasquinho...
Fabio Medici, o Eurico tem mais títulos do que o Vasco.
Ele entrou no Vasco no final da década de 70, já articulado com a bandidagem do futebol.
Sem ele o Vasco é esse aí que estamos vendo...
Abs
Pablo
Postar um comentário