segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

ENTREVISTA COM VICTOR NAVASKY - FINAL

Ufa! Eis. Vou correr. Tenho aula. Volto mais tarde.

TERCEIRA PARTE

LUCAS: Conheço muita gente que acha que existe opinião demais na Imprensa americana.

Navasky: Acho que essa gente se refere aos programas de entrevista, a Bill O´Really gritando com outra pessoa na tv, ou a Rush Limbaugh e Ann Coulter derrubando seus inimigos. Mas não se refere ao discurso político racional que, no máximo, você encontra nas revistas The Nation, The New Republic e outras, das quais discordo. National Review, Weekly Standard, The New Criterion, de Hilton Kramer. Há um nível de diálogo, discussão e debate. Espaço para mostrar os fatos e a documentação para provar seu argumento e acrescentar a ele cartas dos seus leitores, espectadores ou ouvintes. Isso é Democracia. O Jornalismo é o sangue vital da Democracia. Eu achava que os Correios eram o sistema circulatório da Democracia, pois eles distribuíam as revistas. Hoje, acho isso ultrapassado, mas vejo que a Internet e a Ethernet fazem isso.

LUCAS: Você disse que muitos entram para o Jornalismo hoje por acharem que vão melhorar a sua escrita. Não é por querem ter opiniões próprias?

Navasky: Alguns querem. A faculdade de Jornalismo da Columbia é um bom exemplo, pois, como você mencionou, ela tem quatro especialidades e o diploma tradicional é obtido em uma delas. Você se concentra em uma das quatro áreas. Apesar de exigirem que os jornalistas dominem as quatro. Cada vez há mais cursos que ensinam todas e estamos reavaliando isso. Introduziram, pelo segundo ano, na Colúmbia, um programa de mestrado não organizado por especialidade, mas por conteúdo. É possível se concentrar em reportagens sobre religião, islamismo, negócios ou política. Nele, a expectativa é fornecer a habilidade para analisar, interpretar e explicar. Ainda assim, é verdade que, na Columbia – uma instituição estabelecida – acredita-se no Jornalismo objetivo. Apesar de eu ser bem aceito na faculdade, eu não acredito nisso.

LUCAS: Daqui a 10 anos, o que basicamente estaremos lendo? Como seremos informados? Pela televisão? Pela Internet? O que sente a respeito disso?

Navasky: Mc Luhan disse que “o meio é a mensagem”. O meio será menos importante do que a mensagem daqui a 10 anos. Acho que haverá mais interpretação, análise, opiniões e denúncias no Jornalismo. Não só na The Nation, mas na Time, na Newsweek e na US New & World Report. Eu já mencionei que The New York Times ia estabelecer um método para identificar opiniões através de uma borda serrilhada. Eles sentiram essa necessidade pois há mais opinião nos jornais. E eles puseram isso para se diferenciar de declarações tiradas da Internet.

Nenhum comentário: