Crítico de cinema de jornal de Brasília chama Heleno de "atleta obscuro"

Para ler, passe a mãozinha no Heleno.

Mas é bom tomar cuidado. O cara era pegador. Vai que ressuscita!

Recebi e mail e link (reprodução acima) de um querido amigo há anos morando em Brasília. O cara estava indignado com a resenha sobre o filme "Heleno" que leu no "Correio Braziliense". Não tanto pelas críticas ao filme. Mas principalmente porque o autor do texto chamou Heleno de Freitas de "atleta obscuro". E olha que esse meu amigo nem botafoguense é!

Sem mais delongas reproduzo abaixo o email do meu amigo e mais abaixo a matéria em que o Grande Heleno é chamado de "atleta obscuro" (faço questão de repetir aqui).

É cada figura que aparece!

"O caso é o seguinte: estava me preparando para ver "Heleno" e resolvi conferir a crítica que o Correio Braziliense fez do filme. No meio das obviedades e das demonstrações de pseudo-conhecimento cinematográfico de sempre, que costumam enfeitar estes textos, o "brilhante" crítico sai com essa:

"O drama esportivo de Fonseca emula flashes de Touro Indomável (1980), a clássica biografia de um atleta tão obscuro e angustiado como Heleno, o boxeador Jake LaMotta." (o grifo é do editor do Blog).

Quase caí da cadeira. Como é que é, Heleno é um atleta obscuro? Jake LaMotta é um atleta obscuro?

Tem de explicar ao autor do texto, um certo Felipe Moraes, que eu não conheço, quem são as duas figuras em questão.

LaMotta, conhecido como "The Bronx Bull" ou "The Raging Bull", daí o nome do filme, foi um profissional do boxe que lutou 106 vezes, vencendo 83 (30 por nocaute). Foi o primeiro sujeito a bater o lendário Sugar Ray Robinson, outra lenda do esporte. Os dois, aliás, se enfrentaram seis vezes, o que eu acho que é um recorde. LaMotta foi campeão meio-pesado e teve a carreira abalada até por uma armação (perdeu de propósito para ficar bem com a máfia, que sempre mandou no esporte). Depois de aposentado, virou ator, comediante e escritor. De obscuro não tem nada. 

E Heleno? De Heleno se pode falar tudo. Foi o primeiro atacante bad boy do Brasil, em um tempo em que ninguém era bad boy. Seria o craque da Copa de 1946, indiscutivelmente. Aliás, foi o jogador mais punido pela Segunda Guerra, pois justamente na época em que brilhava, o mundial estava suspenso e, quando voltou, a sífilis já havia comprometido o Heleno. Em 18 jogos na seleção, marcou 15 gols, uma média de 0,83 por jogo. No Botafogo, 209 gols em 235 jogos, média de 0.88 por partida. No Vasco, onde foi campeão carioca de 49, fez 19 em 24 jogos, média de 0,79 por jogo. Um cara com uma estatística destas nunca é um "obscuro".

Somos rivais em campo, nos sacaneamos aqui para cacete, mas o bom jornalismo nos une. Sugiro que os botafoguenses (e demais torcedores) protestem e entupam a caixa do editor de cultura do Correio, o bom Zé Carlos Vieira (este eu conheço), que para piorar torce pelo... Botafogo! Aí vai o e-mail dele: josecarlos.df@dabr.com.br