domingo, 17 de dezembro de 2006

Resenha: Eu queria ser Roberto Carlos

Eu queria ser Roberto Carlos (ou: Pior do que batom na cueca)
Paulo Cezar Guimarães

O mesmo terno azul alegre, a mesma camisa branca com a gola pro lado de fora, o mesmo cinto "calhambeque", o mesmo jeito de segurar o microfone. As mesmas músicas de sempre. E claro as mesmas letras no "teleprompter". Creio que até hoje ele não decorou a letra de "Detalhes". Mas é o Rei. E Rei pode. Mais uma vez, como milhões de brasileiros, principalmente quarentões, cinqüentões e outros tões, fiquei mais de uma hora diante da tevê ouvindo, vendo e me emocionando com o Rei. E cantando junto. É como se fosse um "encontro marcado" de uma geração de românticos, sensíveis e, talvez até, alienados. Ou não?

Tem casal que briga por causa do programa do Roberto Carlos na televisão. Mulher não perde um e, quanto gosta do marido, faz questão que ele assista o programa ao lado dela. Tem mulher que lembra direitinho o que fez no Especial de 1978, quando o Rei usava uma roupa tal e estava com o cabelo de maneira tal. E ai do marido que deixou de assistir junto um Especial! Pior ainda se o motivo for suspeito, tipo reunião até mais tarde no escritório. É pior do que batom na cueca.

Este ano Roberto abriu com... Advinhem quem não viu o programa. Com "Emoções", claro.

"Quando eu estou aqui, eu vivo esses momentos lindos...".

Antes, a frase de sempre:

"Prazer rever vocês".

Ao dividir o palco com uma Marisa Monte exuberante, outro lugar-comum:

"Que prazer ver você aqui!".

Após o primeiro intervalo, quem chegou pra animar a festa? Pela primeira vez, dividindo com ele o palco, segundo Roberto. Jorge Ben, hoje Benjor. Jorge disse pra Roberto:

"Você é meu eterno Rei".

Roberto respondeu:

"Eu só canto".

E apresentou Benjor como "o grande agitador das feras". Até Daniel Filho, na platéia, que tem fama de canastrão, pareceu simpático ao sorrir no vídeo. Parece que todo mundo é fã do Rei.

E como tinha mulher bonita no auditório! Depois de aparecer a atriz Paula Burlamaqui, Roberto revelou o que Benjor falou no seu ouvido:

"Ele disse é uma brasa, mora!".

E cantou Taj Mahal com Jorge Benjor. Mas, como não deve ter lido no teleprompter, se enrolou no "tê tê tê tê terê tê", cantando descompassado "terê tê tê tê tê". Será que alguém, além de mim, reparou?.

E recitou parte de "o que é que você tem, conta pra mim, não quero ver você tão triste assim", cantou "aquele beijo que te dei", com direito a "ôu ôu" e tudo; e sapecou o clássico "Splish splash". Cantarolei junto o refrão "mas com água na boca todo mundo ficou, yé, yé". Depois, garantiu que a terapia que está fazendo parece estar funcionando e cantou "Negro gato", há muito fora do repertório. Só faltou cantar o que tudo mais vá pro inferno.

Na volta de outro intervalo, a grande surpresa da noite. Roberto cantou funk com MC Leozinho.

"Ela só pensa em beijar, beijar, beijar, beijar". "Se ela dança, eu danço". Cantou animado. O público dançou. E como tinha mulher bonita! Duas delas chamaram a atenção do cinegrafista e do editor de imagens e foram mostradas mais de uma vez, num balanço sensual. E o Rei contou como ouviu pela primeira vez a canção:

"Ouvi no rádio e pensei: que final de letra maneira! Essa letra é uma canção de amor (risos). Esse funk dava pra eu cantar. Não é minha praia, mas só preciso de alguém que me mostre o caminho".

E MC Leozinho chorou no final. Também pudera! Foi chamado de "Menino Grande" pelo Rei.

Antes dos primeiros versos de "eu cheguei em frente ao portão (aquela do cachorro que sorriu latindo pra ele), afirmou:

"Essa é um flash back".

Como se quase todas as músicas do espetáculo não fossem um grande e lindo flash back.
E leu o refrão:

"Eu voltei, voltei para ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar".

Aliás, essa mania de o Rei não conseguir cantar sem ler as letras das músicas, me faz lembrar um show especial que cobri como repórter de O Globo, na Lapa, no centro do Rio. Era gravação do especial de final de ano. À época, Roberto ainda não usava a tecnologia que usa hoje, e lia as letras escritas num papel cartão (ou alguma espécie de cartolina), colocado estrategicamente no chão do palco. Não me lembro se choveu naquele dia. Mas imaginem se tivesse chovido!

INTERVALO

A seguir: Tremendão e Ternurinha.

2 comentários:

Unknown disse...

Ai, PC! Eu tb vi o especial e como todo ano (TIRANDO AQUELE EM QUE A MARIA RITA MORREU E ELE NÃO FALAVA EM OUTRA COISA), amei! Tb fico fascinada em ver como esse cara encanta gerações com o mesmo repertório, que esse ano permitiu até funk (bem mais light no ritmo, mas é funk). E a terapia? Que ele não pare mais! rssss....
Bjo

PC Guimarães disse...

Olá, Isabel. Já estava me sentindo só nesse blog. Bom que vc veio. Não me deixe só! As pessoas dizem que vêm, mas não deixam recado. Não entendem o drama de ser um filho único, pisciano e amigo do Oswaldo Montenegro.
Ainda pretendo concluir esse texto do Rei. E vou falar da Maria Rita.
bjoca