Meus amigos
Conforme prometido, eis a entrevista do Victor Navasky, da revista The Nation e da Universidade de Columbia. Vale a pena ler e guardar. Por isso estou tento um trabalho danado pra decupar a entrevista. Merecemos. Por enquanto vou encaminhar apenas um trecho, Mando mais depois. Opinem, opinem.
pc
A ENTREVISTA:
Lucas: Todo dia, professor, alguém nos diz que há uma revolução na Mídia. Em que ponto estamos no começo, no meio ou no fim dessa revolução?
Navasky: Estamos no começo, no meio e no fim dessa revolução. Estamos passando por uma revolução na Mídia há décadas. Marshall Mc Luhan apareceu e afirmou que “o Meio é a Mensagem”. Isso foi antes de um outro meio, a Internet, existir. Ninguém sabe o resultado disso, mas, segundo a minha visão, as pessoas que dizem, disseram e escreveram “que as novas mídias vão tirar as antigas do mercado” estão desatualizadas com as mídias antigas e novas. A meu ver, a nova mídia, em relação às antigas, o que o livro de brochura é para o livro de capa dura. Elas vão aumentar o público em vez de substituí-lo. Elas não são o que o cinema falado foi para o cinema mudo. O cinema falado substituiu o mudo. Eu tive uma experiência que me demonstrou isso de forma expressiva em relação à revista The Nation. Fui editor da The Nation durante 17 anose me tornei o “publicador”. A revista me foi vendida por uma quantia que eu não tinha. Tive que escrever prospectos pra levantar o dinheiro. Recebi muita ajuda de pessoas da área financeira na escrita dos prospectos baseados no histórico financeiro da The Nation. Projetamos o equilíbrio das contas em três ou seis anos. Ninguém acreditou, inclusive eu, mas eu fui o responsável. Havia três termos faltando naqueles prospectos: internet, esfera de blogs e website, pois esses não existiam na época. Quando fui para a The Nation, em 1978, só havia 20 mil assinantes pagantes. Hoje talvez haja 186 mil. Ano passado conquistamos 40 mil assinantes pagantes para a revista The Nation on-line para imprimir (sic), os quais chegaram a nós através do nosso site gratuito. Eles nos descobriram. Portanto, uma das conseqüências da Internet, que, diziam, tirariam as revistas do Mercado, foi nos permitir cobrar a nossa circulação desde que George Bush foi eleito presidente.
LUCAS: A Universidade de Columbia, uma das melhores do mundo em Jornalismo, divide a informação em quatro partes: jornais, revistas, radioteledifusão e novas mídias. Quem está vencendo e quem está perdendo?
Navasky: Passamos por diferentes encarnações após o episódio de “Todos os homens do Presidente” em que Woodward e Bernstein denunciaram Richard Nixon. Todos queriam ser Jornalistas Investigadores. Então, após o ano em que surgiram Dan Rather e Peter Jennings, todos queriam ser jornalistas de tv. As novas mídias apareceram e todos quiseram ir para elas. As maiores concentradoras, hoje, são as revistas.
LUCAS: Impressionante!
Navasky: Uma surpresa! Quem sabe dizer por quê? E, também, a maioria dos estudantes é mulher, o que é incomum em comparação ao passado. Há mais mulheres, em todas as áreas de Educação nos Estados Unidos, com diploma superior.
LUCAS: Nas redações também.
Novasky: também. Uma das aplicações é a suposição dos alunos, correta ou não, de que as revistas se importam mais com a escrita. Eles acham que vão aprimorar suas habilidades literárias, caso se concentrem em revistas.
LUCAS:
Dispomos de muita informação hoje. Nós estamos recebendo uma informação melhor? Quem nos proporciona a melhor e a pior informação?
Novasky: Para mim essa é uma pergunta errada, pois o leitor deve ser exposto a muitos pontos de vista diferentes. Não sou um dos que acreditam na “objetividade”. Há Jornalismo bom e ruim e modos de Comunicação bons e ruins. A riqueza das escolhas nos ajuda a ter boa informação. De acordo com o meu ponto de vista. Eu leio The New York Times. Eu recebo em casa The New York Times, The Washington Post, The Wall Street Journal; todos diariamente. O tablóide diário New York Daily News. O New York Newsday – um jornal publicado em Long Island – e um jornal chamado The New York Sun – um jornal diário de direita de Nova York. Quero saber o que eles pensam. É preciso se informar. Mas eu vejo tv. Na The Nation e na biblioteca da Columbia. Eu olho todas as outras revistas: The Economist, US Weekly, Newsweek, Time. Elas são valiosas para objetivos diferentes. Não sei se você acompanhou, mas há duas semanas The New York Times publicou uma nota do editor afirmando que no futuro esse jornal ajudaria o leitor a distinguir o que é fato do que é opinião. O que vão fazer é colocar nos artigos de opinião uma borda direita serrilhada. Os fatos vão aparecer de forma direta, quadradinhos. Para mim isso é uma piada. Pois é possível pôr todo tipo de opinião nos chamados artigos factuais e muitos fatos nos artigos de opinião. E The New York Times é um jornal ótimo. O que a Internet possibilitou foi a leitura do The Guardian publicado na Inglaterra no meu computador em Nova Iorque. Eu sei que existe um programa que traduz do português para o inglês e vice-versa. Quando eu instalar no meu computador poderei ter jornais do Brasil. Essa tradução ainda não é boa, mas vai chegar lá.
segunda-feira, 4 de dezembro de 2006
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