Como unha e cutícula
Paulo Cezar Guimarães
Agora virou moda divulgar pela Internet as asneiras cometidas por estudantes em concursos para universidades e até para jornais e emissoras de TV. Jô Soares faz isso de montão. Mas ao longo de 20 anos em que dou aulas em faculdades, venho colecionando verdadeiras pérolas capazes de fazer a alegria de mestre Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, que, se vivo fosse, estaria preenchendo páginas e páginas do seu febeapá..
E tome “quiz”, “previlégio”, confusão entre a e há e muitas asneiras capazes de corar a Ofélia, antiga personagem daquele programa da Globo que fazia dupla com o ator Lúcio Mauro.
Mas é claro que há exceções (com cedilha, né?). Passaram pelas minhas mãos (no bom sentido é bom que se esclareça) gente como Carla Vilhena, João Pedro Paes Leme, Murilo Fiúza, Aziz Filho, Jason Vogel, Gioconda Brasil. Todos brilhando nos jornais, revistas e tvs.
E quando alguns se metem a fazer gracinhas? Num texto em que peço aos alunos para que usem e abusem da criatividade, já pintou coisa como:
“Dom Eugênio tomando água de cocô em um quiosque em Copacabana”, “O bom de saltar um pum é que você não sabe de onde vai, nem de onde vem”.
Tem um trabalho de um (a) aluno (a) que até hoje guardo e mostro como exemplo em minhas aulas.
Pedi uma entrevista em forma de pingue-pongue (perguntas e respostas) e a figura ou viajou, ou me gozou ou ....
Começava assim:
“A idéia coordenada da desestruturação do ponto de vista psicológico não tem como estrutura arquivada da idéía principal do dissimulador”.
E continuava:
“A origem não fornece dados ao conhecimento da maneira que a linguagem encadeia a atividade da ponderação psicológica da lógica a sua linguagem elabora a experiência da informação do ser”.
No final, ele (a) ainda fez uma espécie de pedido:
“Faça a análise da coordenação do sensorial do poder crítico da linguagem desestruturada da idéia psicomotora?“.
Mas não é apenas de universitários que coleciono asneiras não. Guardo até hoje um texto cometido por um sujeito que se diz jornalista e que assessorou uma entidade bastante conhecida no Rio de Janeiro.
Certa vez, ele me procurou para me passar um “release” que tinha escrito em homenagem a um associado, que estava para completar 50 anos trabalhando no Brasil.
"Você não vai ter nenhum trabalho. O texto já está pronto. Eu mesmo fiz", disse.
E me passou o texto, que, logo no início, colocava o homenageado em uma situação pelo menos polêmica:
“...Esse seu jeito autêntico e inimitável, torna-o uma pessoa amada por uns e odiada por outros...”
Indisciplinada também:
“Recordista em suspensões, nosso homenageado aos poucos se adaptou ao sistema e métodos da nossa entidade e não a nossa entidade a ter que adaptar-se aos seus sistemas e métodos”.
De personalidade forte, com certeza:
“... Revolucionário nato, falando sempre alto, jogando a agenda no chão e operando de uma forma séria e eficiente, ele sempre foi homem de confiança para realizar-se um bom negócio. Na realidade a nossa entidade está para o nosso homenageado como o cérebro está para o coração; um não vive sem o outro..”
Mas de difícil convivência:
“As más línguas dizem que ele ao dormir ronca e baba na fronha, além de soltar gases poluentes ao ambiente. Por isso é acordado às 5 da manhã para vir logo para a entidade...”
No final, nosso assessor deu uma suavizada e passou uma mensagem digamos assim bastante positiva:
“Hoje este patrimônio ambulante tem uma relação com seus patrícios de irmão para irmão; como unha e cutícula”.
domingo, 10 de dezembro de 2006
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5 comentários:
Hahahaha!!!!!
Sensacional, PC.
Você criou um problema com este blog: terá de ad eternum manter a (excelente) qualidade.
Abração
Marcos Eduardo Neves
Valeu, Garoto! São seus olhos. E que papo de Rafaela é esse? Depois de meia-noite vc vira Rafaela?
Tô achando que a Gilda mudou vc (rs)
Marcos
Uma falha minha: esqueci de citar você. A crônica é antiga e eu ainda não conhecia você, que joga nesse time também. E escolhe o número da camisa.
pc
Pois é, fessor!
Deu pra ver que eu estou sempre atrás das mulheres. No bom sentido, claro...
Que mané deu pra ver, nada, Marquinhos. Eu não dou nada pra ver (rs)
Eita trocadalhos cassetaeplanetianos (rs)
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