Mestre Carlos Eduardo Novaes manda mais uma pérola e elogia a torcida do Glorioso. Como todo bom botafoguense, é imparcial e, ao contrário dos coleguinhas do clube dos poderosos da Gávea, Ipanema e Jardins (Botânico e de Alah), não poupa críticas ao time mesmo nas vitórias.
"Mais uma vitória da torcida.
Nossa torcida – quando aparece – tem “jogado” um bolão, tão bem que sugiro uma
troca de posição com o time. Ela vai para o gramado e o time fica no banco (ou
nas cadeiras).
A mim não resta um pingo de
dúvida que se o jogo de terça-feira fosse no Equador – sem a presença dos 26
mil botafoguenses – não traríamos os três pontos na bagagem.
O Botafogo teve um inicio
arrasador, mas, como não sabe impor seu jogo, foi cedendo espaço, cedendo espaço, até nos levar a torcer desesperadamente pelo apito final. Que sufoco!
O time segue na liderança
de sua chave e é isso que importa. Mas que não se iludam os torcedores. As
vitórias não escondem as deficiências do time que são muitas (desde o inicio da
temporada) e se vocês me permitem vou listá-las aqui:
* O lado esquerdo da defesa
tem sido um grande campo de pouso onde aterrissam as jogadas mais agudas dos
adversários. O lateral Júlio Cesar é eficiente no apoio, mas marca mal e recebe
pouca ajuda dos companheiros. No jogo de terça-feira, na melhor oportunidade
perdida pelo Independente havia três equatorianos – eu disse três! – livres no setor
do Júlio Cesar.
* É notória, desde o inicio
da temporada, a falta de apetite ofensiva (ou falta de coragem) do time quando
vai ao ataque. Vai sempre com pouca gente e quando os volantes chegam – Gabriel
e Marcelo – já chegam chutando em gol e chutam mal pra caramba! Talvez isso
explique o excesso de cruzamentos na área e a preferência por bolas paradas.
* Desnecessário dizer da
quantidade de passes errados e da falta de pontaria – a exceção de Jorge Wagner
– alem da carência de jogadas articuladas de ataque (algo que os equatorianos
nos mostraram).
* O time é lento, muito lento
na transição da defesa ao ataque, o que permite ao adversário se organizar e
nos obriga a ficar tocando bolas para os lados até um zagueiro tentar a ligação
direta.
* O time não marca em cima.
Dá muito espaço o que permite ao adversário pensar (com calma) suas
jogadas.Isso explica nossas desastrosas atuações contra os pequenos no
Campeonato Carioca. Movimentando-se com liberdade,os pequenos atuavam com a
desenvoltura dos grandes.
* Tenho a sensação de que
Wallyson anda perdido em campo.
* A experiência indica que
quando o goleiro aparece muito – como tem acontecido com Jefferson – é porque
algo está fora do lugar na defesa.
No dia em que o Botafogo
corrigir pelo menos em parte essas deficiências vai se tornar
imbatível.Enquanto isso não acontece vamos esperar que contra o Union
Española, a torcida entre em campo e vença o jogo. Ela está muito mais entrosada
do que o time."