Como alguém aqui tem que trabalhar (e hoje foi o dia inteiro), só agora (quarta, 23h25) pude ler a carta de Hélio de La Peña. Como diria Carlos Imperial: "10, nota 10". Ah, Vitinho, quem dera você tivesse ouvido o De la Peña antes de fazer a burrada que fez. Vá, Vitinho, vá ser comum na vida. Pena que você não entendeu a grandeza de ser Botafogo. Você tem apenas 19 anos. Vai voltar já já se não tiver a oportunidade de ir para um clube realmente grande da Europa. Se voltar já poderá ser abduzido por um desses times comuns e falar um monte de asneiras sobre o Botafogo e sua torcida. Mas saiba, menino, que praga de botafoguense pega. Que o diga Diguinho e muitos outros.
Sou fã, tietei e o cara é
gente boa para caceta. Do bem
Diz aí, Caceta:
"OI
VITINHO, TCHAU VITINHO!
Rio de
Janeiro, 29 de agosto de 2013
Prezado
Vitinho.
Fico
impressionado como você é rápido. Seu dribles, seus chutes, sua meteórica
ascensão e a imediata paixão que a torcida alvinegra sentiu por você. Mas você
foi rápido demais. A torcida queria um relacionamento sério e você só quis
ficar. O poeta botafoguense Vinicius de Morais dizia: “que seja eterno enquanto
dure”. Pena ter durado tão pouco.
Não
fazem muitas rodadas, você era uma promessa questionada nas arquibancadas.
Chamado de “fominha”, “afoito”, “individualista”, atuava como um potro ainda
por ser domado. Com o tempo, sempre curto, foi mudando sua forma de atuar.
Ouviu o conselho do velho e bom Seedorf, aprendeu a servir e não esqueceu como
se chuta de longe. Calibrou a pontaria, manteve a audácia, puxou pra si a
responsabilidade do jogo. E nós lá de cima das cadeiras do new Maraca
reconhecemos. Gritamos seu nome. Acho que você ouviu.
Esta
semana começou mal pra nós. Já no domingo, fomos a Curitiba e não entramos em
campo. Talvez o time tenha preferido conhecer a Ópera de Arame ou a famosa Rua
24 Horas…
O pior
estava por vir. A noite de segunda estourou a bomba. Vitinho foi vendido. Não
acreditamos. Como podia isso? Imediatamente começamos a maldizer a diretoria.
Achamos ser obra da incompetência. Depois, vimos que o problema foi dinheiro.
Seu passe valorizou rápido demais, o clube não teve tempo de elevar as
barreiras e por uma tranca mais forte na porta pra segurar você. Gostaríamos
que nosso clube fosse rico como um Barcelona, que pagasse em dia os salários,
que não estivesse imerso em dívidas fiscais e trabalhistas. E cofre vazio não
para em pé.
Como
nos tempos da guerra fria, nosso inimigo foi um russo. Um agente duplo,
travestido de empresário te convenceu de que era uma boa fugir para Moscou.
Talvez tenha lhe dito que a Rússia também é Europa, como Portugal do Porto, que
também lhe queria. Omitiu que o futebol da Rússia é jogado na Sibéria, onde os
jogadores são esquecidos no frio e na solidão. E que você não ouvirá seu nome
ser gritado pelos moscovitas, não dará autógrafos nas ruas, poucas vezes sairá
do banco – não o banco onde estão depositadas as oito milhas de euros, mas
aquele ao lado do campo, onde vai tilintar de frio aos 20 graus negativos.
Queríamos
ter gritado seu nome no jogo contra o Atlético lá em Minas, como fizemos no
Maraca. Mas você foi rápido e sumiu da concentração. Não tivemos tempo sequer
de nos despedirmos. Você podia ter ficado até o fim do ano, pelo menos.
Certamente uma boa proposta surgiria, mas a gente teria tempo de se conhecer
melhor. Ao contrário de nós, alguém não acreditava que seu talento durasse até
lá. Alguém tinha pressa de faturar.
Talvez
tenha sido aconselhado a agarrar essa oportunidade, que outra igual não
surgiria. Essa pessoa estava certa. Não teria outra igual e sim melhor, para um
clube no centro do futebol mundial, um clube da Europa ocidental. Poderíamos
acompanhar suas jogadas pela ESPN, cutucar o amigo e dizer: “esse aí foi criado
aqui em casa”. Isso certamente não passa pela cabeça de um jovem de 19 anos.
Você não terá 19 anos a vida toda. E um dia vai ter consciência da gloriosa
história de que você fez parte, de forma fugaz, qual um cometa.
Não
somos um clube de cometas, Vitinho. Somos o clube da estrela solitária. E
duvido que venha a ter no peito um símbolo tão bonito.
E
ninguém cala…"