Deu na Folha de hoje.
Contratação já atingiu vários objetivos
JUCA KFOURI
Impossível não lembrar de Mané Garrincha, contratado pelo Corinthians em 1966, já com 32 anos e inúmeros problemas físicos, embora convocado para defender, como defendeu, a seleção brasileira na Copa da Inglaterra naquele mesmo ano.
Foram apenas 13 jogos e dois gols do segundo melhor jogador brasileiro de todos os tempos numa época em que, diferentemente de agora, imagem não era tudo e o marketing esportivo parecia coisa de Julio Verne.
Ronaldo Fenômeno, certamente um dos dez maiores de todos os tempos, chega ao Corinthians muito mais para agitar e fazer dinheiro mesmo antes de jogar do que propriamente para fazer aquilo que mais sabia: gols.
Com os mesmos 32 anos de Garrincha e até com mais problemas físicos, embora com uma história de superação que o genial ponta-direita não experimentou, até porque, a exemplo das ações de marketing, também a medicina esportiva não era assim tão desenvolvida.
Garrincha lotou o Pacaembu com mais de 44 mil torcedores em sua estréia, uma goleada do Vasco por 3 a 0.
Ronaldo, quando e se estrear, não levará tantos torcedores ao mesmo estádio porque lá não cabem mais, embora possa carregar ainda um público maior, se no estádio do adversário, o Morumbi.
Até lá, Ronaldo já terá posto o Corinthians nas manchetes do mundo inteiro, e não por causa da famigerada MSI.
Porque vivemos tempos nos quais o marketing deixou de ser meio para passar a ser um fim em si mesmo e, neste aspecto, sua contratação já atingiu diversos objetivos, entre outros como o de eclipsar o hexacampeonato do rival São Paulo e o "caso Nero", para alívio da Federação Paulista de Futebol.
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