domingo, 6 de abril de 2008

"A camisa do quase", de Fernando Molica


Meu camarada Fernando Molica, repórter que dispensa apresentação e botafoguense sadio, está lançando um novo romance, "O ponto de partida". Navegando no blog dele, "pesquei" o belo artigo abaixo sobre o manto do Glorioso. O blog dele:
http://www.fernandomolica.com.br/index.php

O texto:
"Já sei, já sei. Um sujeito que se diz sério não deveria escrever uma baboseira como a que vem abaixo - pelo menos, não deveria escrever baboseiras conscientemente. Mas é que acabei de ler uma notícia no site do Globo Esporte sobre a decisão do Botafogo de não jogar os clássicos com o uniforme listrado veja aqui. Boa notícia. Há duas semanas mandei para uma amiga, que trabalha no Botafogo, uma observação: que tal trocar o modelo da nossa camisa tradicional? Não sei se ela teve coragem de levar minha observação adiante, mas repito aqui meus argumentos. O problema é simples: o atual figuro subverte a tradição da camisa listrada. Algumas listras não cumprem seu destino retilíneo e, lá pertinho do calção, quase no limite da camisa, dão a volta, fazem uma curva, retornam ao ponto de partida, traem sua vocação.

Sei não, mas isso tem muito a ver com a trajetória do time em 2007 - e mesmo, neste início de 2008. No ano passado, quase conquistamos o título carioca (fomos roubados, mas perdemos o campeonato) e a Copa do Brasil (igualmente furtados): íamos bem no Brasileiro, tropeçamos na Sul-Americana, e desandamos de vez. A vaga na Libertadores também ficou no quase. Disputamos os jogos decisivos com a camisa que tem listras que voltam ao ponto de partida. Usamos o mesmo uniforme titular na decisão da Taça GB deste ano. Deu no que deu: com a camisa em que as listras quase chegam ao fim, ficamos no quase. Já no domingo passado, com a camisa preta, derrubamos um tabu.

Claro que vitórias e derrotas não têm a ver com camisas - só um idiota supersticioso pensaria isso. Mas, sei lá, tá regulando, né? Vamos então de preta ou de branca - enquanto não ajeitarmos a belíssima preta-e-branca. E, já que falei de camisas: tá na hora de proibir o Castillo de usar aquela que estampa uma estrela preta. Além de feia, de lembrar aquele fanfarrão frangueiro do ano passado (toc, toc, toc - que seja feliz em sua nova granja), a camisa briga com nosso símbolo: nossa estrela, a que nos conduz, é branca, caramba.

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