segunda-feira, 23 de julho de 2007

Artigo no Jornal de Debates sobre as vaias no Pan


Mais um artigo da minha safra publicado no Jornal de Debates (www.jornaldedebates.com.br) Participem também.

Na foto, o Malcolm Roberts citado no texto.

Faz parte!
Paulo Cezar Guimarães
Dizem que o ato de vaiar é algo universal e histórico. Os gregos antigos já se manifestavam nas audiências vaiando as boas e más apresentações. Curioso que em inglês, vaiar é “Boo”, exatamente o mais popular som que utilizamos no Brasil. Afinal, quando vaiamos fazemos "buuuuuuuuuuu". Certo? Ainda existem outros tipos de vaias com imitação de sons de animais e o sinal dos dedos polegar para baixo, embora este, na arena do Coliseu Romano, fosse um pouco mais radical. Todos indicam insatisfação e protesto por algo que esteja sendo presenciado e acontecendo.

Mas no Brasil, vaiar, parece, é um estado de espírito. Nunca é demais lembrar Nelson Rodrigues, que dizia que: "No Maracanã vaia-se até minuto de silêncio". Esse mesmo Maracanã, que já vaiou o ponta paulista Julinho, que substituiu Mané Garrincha, e depois rendeu-lhe as homenagens, vaiou outro dia a seleção sub-17, que perdeu para o Equador. Dizem que as vaias foram merecidas, pois a seleção jogou de salto alto, coisa que as nossas meninas do campo não têm feito. Até que a Marta caberia naquele time do Botafogo, líder isolado do Brasileiro. Poderia disputar vaga com o Zé Roberto, quem sabe!

Como torcedor do Botafogo já vaiei muitas vezes o meu time. Também como deixar de vaiar jogadores como Tuca, Puruca, Petróleo, Cremilson e Galdino naquela fase dos 21 anos sem títulos? Lula, o presidente, portanto, não deve ficar preocupado com as vaias que recebeu na abertura do Pan. Se foi orquestrada ou não, pouco importa. "Faz parte!", como diria aquele "filósofo" do Big Brother. Americanos também não precisam ficar preocupados. É só não confundir mais o Rio com o Congo. Se puder, de quebra, parem de jogar bomba na terra dos outros. Afinal, nos anos 60, o público brasileiro aplaudiu de pé o americano Malcolm Roberts, um típico cantor de churrascarias, se esgoelar gritando que o amor é tudo, "Love is all", num smoking possivelmente alugado no Rolas (será que ainda existe?). Tempos de Festival Internacional da canção, o FIC.

Falar em Maracanãzinho, grande novidade alguém ser vaiado lá!Também faz parte das atrações turísticas da cidade. Os mais velhos se lembram dos festivais de música quando até Chico Buarque e Tom Jobim foram vaiados. Os dois venceram um festival com a música "Sabiá", interpretada pelo Quarteto em Cy, mas o público preferia "Pra não dizer que não falei de flores", de Geraldo Vandré. Americanos, cubanos, bolivianos, venezuelanos e até argentinos, portanto, também não devem ficar preocupados com as vaias. Podem voltar para a casa e dizer que foram vaiados pelo mesmo público que vaia um minuto de silêncio, Chico Buarque e Tom Jobim.

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