Balanço do Brasileirão - final. Sydd Benn, o Interino,

Sydd Benn mostra mais uma vez que é um entendido, embora não seja tão imparcial quanto este blogueiro que vos escreve. Benn se enquadra no perfil de framenguista cara-de-pau. É um cara esclarecido e sabe muito bem que o Framengo é a quota da Globo na Libertadores. Mas não se envergonha disso. Acha natural. Os métodos não importam; o que importa é se dar bem, é chegar lá. Boas férias, Sydd Benn. Passa no caixa para receber o grosso.

"Meus caros amigos

Há dias queria escrever algo sobre a última rodada do campeonato brasileiro, mas o acúmulo de trabalho não permitiu.

De início, digo logo que acho sacanagem com meu segundo time, o Botafogo, essa história de que ele tentaria uma vaga na Libertadores no lugar do quarto colocado do campeonato paraguaio. A justificativa é que, sendo o time do Agnaldo Timóteo um cavalo paraguaio, poderia entrar no lugar de algum time daquele país.

Estou certo que tal solução feriria os brios dos botafoguenses de fibra. Nem mesmo o PC aceitaria entrar assim na Libertadores.

Ademais, se ser cavalo paraguaio é uma característica do simpático Botafogo, não lhe dá direito àquela nacionalidade. Logo, esse pleito deve ser sumariamente indeferido.

Mas o futebol carioca esteve bem neste Brasileiro.

Os três grandes classificaram-se para a Libertadores.

Um médio e o pequeno Madureira serão nossos simpáticos representantes na Copa do Brasil.

O Vasco ressurgiu depois de um longo período em baixa. Retomou o lugar de costume, o vice.

Mas não deve ser sacaneado. Campeonato de pontos corridos não é o mesmo de campeonatos em que tudo se decide numa final.

Algo mais deve ser dito em defesa do Vasco: é o time que guarda maior dignidade e respeito ao vencedor.

Durante décadas foi vice do Flamengo e não choramingou como um certo time que o sucedeu.

Agora, sua torcida fez um carnaval em São Januário depois do empate com o Flamengo, que lhe deu o vice-campeonato. Que outro time faria isso?

O futebol do Rio precisa do Vasco. Que ele seja bem-vindo de volta ao topo do futebol brasileiro.

O Fluminense, depois que passou a ser o terreno para lavagem de dinheiro de um certo plano de saúde, tem estado sempre nos primeiros lugares. Isso se explica e já aconteceu quando outros times tiveram temporariamente ajudas como esta.

Só me preocupa o futuro. O que acontecerá quando a fonte secar?

Outros co-irmãos entregues integralmente a patrocinadores – fossem eles pessoas físicas ou jurídicas - se afundaram a partir do momento em que os mecenas se retiraram. Quando o bicheiro Emil Pinheiro abandonou o Botafogo; quando a Parmalat deixou o Palmeiras; e quando a ISL foi embora do Corinthians, o destino desses clubes foi a segundona.

Oxalá isso não ocorra com o Fluminense – que já viveu experiência traumáticas na segundona e, até, na terceira divisão, tendo retornado à primeira num golpe de mão de figuras deletérias como Eurico e Ricardo Teixeira. Que tal vergonha não se repita.

O Botafogo saiu-se bem, apesar das gozações por causa da amarelada na reta final. Mas, falando sério, alguém esperava que ele atropelasse na reta final? Isso não é de seu feito, de sua tradição. É um time médio que acabou entre os dez primeiros do Brasileiro. E, este ano, nunca esteve perto de cair. O que mais seus detratores queriam? Foi um belo papel.

Arthur Dapieve, um amigo botafoguense, hoje diz em sua coluna no Segundo Caderno do Globo, que o Botafogo tem medo de altura. E conclui: “de 1989 para cá (eu diria que desde o fim dos anos 60...) o alvi-negro amarelou em vários momentos decisivos”. Não há como deixar de lhe dar razão.

Como bom botafoguense, Dapieve é pessimista. O título de seu coluna é “Desilusão, desilusão...”

Ora, o que queria Dapieve? Nem o PC acreditava que o Botafogo pudesse chegar mais longe.

Já o Flamengo foi a maior decepção entre os cariocas. Alguns idiotas dirão: “Mas chegou na frente do Botafogo”. Eu respondo: “Grande merda”.

Com o futebol entregue a um charlatão, nunca empolgou sua torcida. Muita gente boa preferia até que o time ficasse fora da Libertadores, para que o canastrão fosse defenestrado logo. Até que se livre dele, o Flamengo não deve conseguir grande coisa ano que vem.

Assim, considerando-se a história e o potencial de cada um dos quatro cariocas que disputaram o brasileiro, foi o que teve o pior desempenho.

É o que tenho a dizer".