terça-feira, 9 de outubro de 2007

Pequena crônica: "Vicente, o workaholic ou Pô, meu, esquece isso!"

Mais de meia-noite. Chego em casa com a cabeça inchada, depois de sofrer com o meu Botafogo no Engenhão, ficar horas esperando o trem sair da estação e me irritar com mais uma edição da Veja. Ligo o computador. Lá está o Vicente. Como sempre, trabalhando. É um workaholic nato.

- Fala, meu!

- Fala, Vicente!

- E aí?

- Acabei de chegar. Vou fazer um pipi!

- Pô, meu! Esquece isso. Vamos trabalhar.

- Vou esquentar uma lasanha dormida no micro-ondas.

- Pô, meu! Esquece isso. Vamos trabalhar. Qual é a sua?

Alguns minutos depois, o telefone toca:

- Cadê você, meu?

Me preocupo com o bolso do meu amigo, que mora em Brasília, e chamo pra conversar no skype. Antes aviso que a lasanha está quentinha e que eu vou traçá-la imediatamente. E o Vicente:

- Pô, meu! Esquece isso. Vamos trabalhar.

Como a lasanha diante do computador. Fico em silêncio. Mastigando. E Vicente:

- Pô, meu. Você está me ouvindo?

- Estou. De boca cheia. Mastigando.

- Pô, meu! Esquece isso. Vamos trabalhar.

Peço um tempo para pegar um copo de guaraná. E Vicente:

- Pô, meu! Esquece isso. Vamos trabalhar.

Uma e tanto da matina. Me despeço, desligo o computador e vou pra cama dar uma lida num livrinho antes de dormir. O telefone toca de novo.

- Cadê você, meu?

- Estava indo dormir.

- Pô, meu. Esquece isso. Vamos trabalhar. Qual é a sua?

ACONTECEU.

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