terça-feira, 2 de janeiro de 2007
Crônica (There are little animals walking in my head)
There are little animals walking in my head!
Paulo Cezar Guimarães
Certa vez, eu estava em Fortaleza e o celular tocou:
“Paulo Cezar: aqui é a Letícia, da produção do Jô e...
“Que sacanagem é essa? Qual é a gozação? Eu estou de férias e...”
“É sério!”
“Sério o cacete! Aposto que foi o Maurício Menezes que mandou você passar um trote em mim...”
“Não, Paulo, é verdade. Quem me deu o seu telefone foi o Wilson Baroncelli. Eu realmente trabalho na produção do Jô Soares e você mandou uma carta sobre um médico que...”
Lembrei. Realmente, há alguns meses, passei uma sugestão de pauta para o programa do Jô, a respeito de um médico amigo que escreveu um dicionário sobre doenças em diversos idiomas, chamado "Passaporte da Saúde". O autor, Tanus S. Tauk, é uma figura muito engraçada, freqüentador do mesmo restaurante que eu freqüentava no Flamengo, no Rio de Janeiro. No livro, a gente fica sabendo que enxaqueca em espanhol é jaqueca, dor de cabeça em italiano é mal de testa e gastrite em alemão é magenentzündung . Até folhear o livro, eu sabia apenas que dor de cabeça em inglês é headache. Quem não se lembra? Minha professora fazia questão da pronúncia exata: "rédeique" - e bem acentuado no primeiro e. É mais ou menos assim, né?
Mas não é necessário ir tão longe no tempo para lembrar situações inusitadas que passei por não saber o nome de dores em outros idiomas. Certa vez, em Paris, com minha mulher e minha filha, precisei comprar um remédio para prisão de ventre. E isso é coisa que se tenha fora do Brasil?! Não tinha a mínima idéia do nome daquele treco em francês. Pensei até em juntar dois dedos de cada mão - insinuando uma grade como se fosse uma prisão – e soprar - imaginando o vento. Vento, ventre... sei lá. Achei que seria ridículo. Voltei sem o remédio. Acabo de ler no livro do Tanus que prisão de ventre em francês é constipé.
Mas não é apenas o papai aqui que passa ou já passou esse tipo de mico. Minha amiga Adriana, que trabalhou na Esso, contou-me duas histórias hilárias. Na primeira delas, também em Paris - e todos nós sabemos o quanto é difícil precisar de algum tipo de ajuda em Paris -, precisou comprar um chá de própolis e não tinha a mínima idéia de como pedir. No desespero, tentou apelar para o inglês: “Bee making honey..”, e ainda ilustrou, imitando uma abelhinha batendo asas. Era só ter pedido "propolís"- bem francês, acentuando no i.
Adriana jura que o outro caso também é verdadeiro. Em Amsterdã, uma amiga cismou que estava com piolho - com certeza, uma das palavras mais feias da língua brasileira. E como é que se diz piolho em qualquer outro idioma? A amiga de Adriana bem que tentou facilitar:
“There are little animals walking in my head...”
“What?!”
Em tempo: piolho em inglês é lice ou louse, em francês pou, em espanhol piojo, em alemão laus e em
italiano pidocchio.
Tem também aquela da Sônia Cunha e da Ana Celano em Nova Iorque. Ah, essas mulheres! Imaginem o que elas resolveram comprar em um país de língua estrangeira? Supositório. Isso mesmo... Su-po-si-tó-rio. E de glicerina ainda por cima. Sônia jura que não fez nenhum gesto mais... digamos assim...abundante. “E olha que era uma coisa bem simples. Era só pedir ´glaicerina´...”, esclarece Ana.
E ainda dá uma deixa: pede à Sônia para te contar a história do "big ear" (orelhão) em Nova Iorque...
Muito bom! E como será que diz o famoso cri cri em outra lingua?
ResponderExcluirFala, PC!
ResponderExcluirHistórias hilárias e verídicas! Por incrível que pareça, estou lendo esta crônica com a Ana Celano aqui no trabalho. Incrível coincidência!! Bj, Adri