terça-feira, 19 de dezembro de 2006
Te cuida, Antônio Ermírio!
Recebi do Alex Laus um texto muito interessante (embora antigo) sobre blogs, da correspondente do Globo, Helena Celestino, que vale a pena reproduzir aqui.
Se tudo der certo, te cuida Antônio Ermírio de Moraes!
BLOGS', A NOVA MANIA QUE DÁ DINHEIRO NOS EUA
Jovens que conquistaram fama por seus espaços na rede já conquistam anúncios até da mídia tradicional
Por: Helena Celestino , Correspondente
NOVA YORK. Como milhares de universitários, Jen Chung, 29 anos, mandava e-mails para seu grupo de colegas no curso de Economia da Columbia University, com histórias interessantes de Nova York, fazendo críticas de restaurantes, listas dos melhores shows de rock, descobrindo bares novos, contando o dia-a-dia da cidade. Já formada e entediada com seu trabalho numa agência de publicidade, criou um blog com seu ex-colega de faculdade, Jacke Dobkin, também de 29 anos. Com a contribuição de milhares de "olheiros" pela cidade, acabaram fazendo um completíssimo serviço de Nova York: "Gothamist" virou uma referência e hoje ocupa o 90 lugar no ranking de 27 milhões de blogs que povoam a internet e chegam a faturar US$ 1,5 milhão por ano.
Jen e Jacke são hoje blogueiros profissionais, ainda uma raridade nesta congestionada nova mídia. Eles têm um escritório no Upper West Side, estão montando uma rede de blogs cobrindo 15 cidades e vêm investindo pesadamente em infra-estrutura e manutenção. "Gothamist" está ligado a centenas de outros blogs, é visitado por 65 mil pessoas por dia, recebe de 1.500 a duas mil contribuições diárias e tem entre seus anunciantes até o poderoso "The New York Times".
— Vasculhamos as várias mídias e postamos o que achamos interessante. Nos últimos seis meses, nosso público cresceu 20% ao mês — conta Jen, evitando detalhar quanto cobra pela publicidade de restaurantes, hotéis e do mercado imobiliário estampada no seu site .
Eles fazem parte do blog boom , um fenômeno mundial. Tecnologia, sexo, política, fofoca e serviço são as grandes atrações nesse planeta que primeiro popularizou-se como espaço para adolescentes expressarem emoções mas já virou um negócio capaz de fazer novos milionários e mexer com a mídia tradicional. A grande maioria dos blogs é irrelevante, mas no meio de muita bobagem, há um poderoso grupo de blogs Classe A com valor comercial e repercussão na vida nacional, especialmente nos Estados Unidos.
Claro que os números ainda são modestos se comparados a outros ramos da economia, mas o maior negócio já fechado por um blog chegou a US$ 25 milhões, não exatamente uma soma desprezível: foi a compra pela AOL da Weblogs, uma companhia guarda-chuva para vários blogs , cujo carro-chefe é o Engadget, segundo no ranking da blogoesfera, editado pelo skatista punk Peter Rojas, um obsessivo decifrador dos gadgets de nova tecnologia. Ele não conta quanto ganhou nessa transação mas reconhece que tecnicamente não precisa mais trabalhar, embora continue passando 80 horas por semana postando sem parar informações no computador.
— Qualquer um pode começar um blog e fazê-lo crescer, mas é um trabalho infernal. Começo antes do dia nascer e não paro até a hora do jantar — disse à revista "New York".
Os blogs mais importantes têm audiência equivalente a de revistas e jornais de cidades de médio porte. Conseguem impor aos anunciantes uma tabela de preços que varia muito mas a maioria tem como base o número de leitores.
Pela rede, até doações para os democratas
NOVA YORK. O valor mais alto é cobrado pelo "Daily Kos", o mais influente blog político, que pede US$ 4 mil semanais por cada anúncio. Baseado em Berkeley, na Califórnia, é editado por Markos Moulitsas Zúniga, 34 anos, um veterano do Exército que começou postando comentários contra o governo Bush em um outro blog , fez sucesso, criou seu próprio site em 2002 e hoje é quarto no ranking: tem 600 mil visitantes por dia. Na campanha de 2004, arrecadou US$ 500 mil para candidatos democratas.
— Na época, surgiu uma onda de anunciantes para os blogs — diz Sreenath Sreenivasan, professor na Escola de Jornalismo de Columbia e editor de blog .
Harry Copeland, fundador da primeira empresa de publicidade para blogs , a Blogads, lembra que os candidatos sentiram o poder do boca-a-boca: o político aparecia num blog e virava mote de conversa em outros, subindo a audiência do anúncio.
— Ainda há pouca gente vivendo de blog mas o dinheiro já corre nessa área. O lucro é grande porque as despesas são mínimas — diz o especialista da Columbia University.
Só em NY, são 60 mil 'blogs'. Alguns só tratam de pizza
Os primeiros a chegar nessa promissora terra são os mais prósperos e bem classificados. O ranking é feito com base no número de links , criado por Clay Shirky, professor da New York University. O campeão é o "Boing-Boing", sobre novas tecnologias, há cinco anos no ar e com 19.764 links . Sobre fofocas sobre Nova York, o número 1 é o "Gawker", de 2002, editado por dois ex-alunos da Columbia University. Eles têm 4.970 links , 200 mil de pages-per-view (páginas visitadas) e cobram de anunciantes entre US$ 6 e US$ 10 para cada mil visitantes, o que os faz faturar quase US$ 1,5 milhão por ano.
Só em Nova York, existem 60 mil blogs. Há pelo menos três famosos que só tratam de pizzas. De vez em quando, um blog faz a terra tremer e "fura" jornais e televisõ5es. Foi um site de direita, o "Powerline", que acabou com a carreira do mais famoso âncora da televisão americana, Dan Rather, ao descobrir que era falso o documento que servia de base à denúncia de que o presidente Bush usara pistolão para evitar a frente de batalha na Guerra do Vietnã. A notícia tinha sido veiculada por Rather às vésperas da eleição de 2004 e fazia um estrago na candidatura Bush até ser desmentida e obrigar o velho âncora a pedir desculpas antes de sair do ar.
Inebriados pelo próprio sucesso, muitos blogueiros acham que jornais e revistas são coisa do passado.
— Com toda sua transparência, o "New York Times" não conseguiu evitar o aparecimento de um Jason Blair — diz Adam Glen, editor do "I Reporter", referindo-se ao repórter que inventava histórias para ganhar as manchetes.
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