Domingo, dia de Fantástico e de mais uma derrota do Botafogo, vou postando minhas crônicas. Se quiserem, leiam a continuação das histórias do Dom Gaspar. Mas tem que começar por baixo.
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Outra do Dom Gaspar
Paulo Cezar Guimarães
Dom Gaspar é uruguaio de Colônia del Sacramiento, uma pequena cidade histórica a duas horas de barco de Buenos Aires e a uma de Montevidéo.
Veio morar no Brasil em 1965 para trabalhar como gerente de Produção na filial da empresa Sudantex, em Teresópolis.
Logo no primeiro dia de trabalho, reparou que os empregados tinham o hábito de não fechar corretamente as torneiras dos vestiários, o que resultava num pinga-pinga constante. Chamou um subordinado, e determinou que todas as torneiras fossem “cerradas” no fim do dia.
Para quê? No dia seguinte, o empregado entra todo feliz na sala de Dom Gaspar. Estava certo do dever cumprido, e exibia um enorme saco de farinha cheio de torneiras. Tinha “serrado” tudo.
Curioso que, apesar de lidar diretamente com comida, Dom Gaspar não tem olfato nem paladar. É isso mesmo o que vocês leram. Perdeu os dois sentidos essenciais devido a uma intoxicação que sofreu na fábrica. Em razão disso, volta e meia se envolve em encrencas. Na própria fábrica, cansou de botar sal no café dos operários. Escovar os dentes com o creme de barbear dos filhos virou rotina na vida de Dom Gaspar.
- A primeira vez, estranhei aquela espuma enorme do creme, mas pensei que fosse alguma novidade – conta, sorrindo.
Mas isso não é nada diante do que passou, há alguns anos, quando foi parar no Pronto Socorro.
- Donana, minha esposa, tinha colocado água sanitária para limpar uma garrafa que estava em cima da pia. Levantei-me de madrugada para tomar um remédio e botei a água no copo. Sorte que senti uma textura estranha e acordei minha mulher. Foi um susto enorme.Tomei vinagre, para neutralizar o ácido do líquido, leite, e corri para o médico.
E a história do princípio de incêndio? Certo dia, sua churrascaria estava lotada, e Dom Gaspar chamou um dos filhos:
- Tomás: você não está sentindo um cheiro de fio queimado?
- Não.
Alguns minutos depois, voltou a indagar ao filho.
- Não é possível que vocês não estejam sentindo esse cheiro.
O mistério foi explicado. Dom Gaspar sentia um “forte” cheiro de fio queimado todas as vezes em que uma das clientes se aproximava do fogão, que fica ao lado da churrasqueira onde prepara as carnes.
Mas o que ele sentia, na verdade, era o cheiro do perfume da moça.
domingo, 3 de dezembro de 2006
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