E o feitiço virou contra o feiticeiro. Os framenguistas que acham que o futebol começou depois da ditadura, depois que a Globo passou a ditar as regras do jogo e depois dos anos 80 quando o Framengo ganhou uma taça no Japão contra um desinteressado time inglês que nunca ditou nada (dizem as pessoas más que os jogadores do inexpressivo Liverpool estavam de ressaca) provaram do próprio veneno: Zico, maior ídolo da história do clube não foi lembrado para o jogo de reinauguração do Maracanã chamado de “Amigos de Ronaldo x Amigos do Bebeto”. Logo o Maracanã onde Zico marcou a maior parte dos seus gols (dizem as pessoas más que a maioria deles foi contra times pequenos).
Na panelinha formada por jogadores que nunca tiveram tanta identificação com o estádio como Zetti, Geovani (ex-Santos), Edilson, Ricardo Rocha, Donato e até mesmo o próprio Ronaldo Fenômeno (que ali jogou poucas vezes) e o filho de Bebeto (mais conhecido por ter sido homenageado com um gesto simbólico do pai quando ainda era bebê), se juntaram um inexpressivo cantor que a indústria da música tenta impor aos manipuláveis consumidores chamado Naldo e até o personal trainer do Fenômeno, um tal de Márcio Attala. Fora a “árbitra” escolhida para apitar a partida que em uma das poucas vezes em que pisou no estádio para “trabalhar” como bandeirinha ficou marcada por duas falhas infantis que eliminaram o Botafogo da Copa do Brasil, acabaram por torná-la persona non grata à torcida botafoguense mesmo posando nua para uma revista masculina e que provocou praticamente o fim de sua carreira.
No justo chororô do ídolo framenguista, uma bela observação:
“Ao meu ver, eles deveriam ter convidado gente como Edinho, Jairzinho, Gérson... jogadores do América, Bangu, Bonsucesso, Portuguesa... Gente que faz parte da história do Maracanã e foi esquecida. Mesmo que não fosse para jogar, mas para participar. Se você faz uma pelada, tudo bem, se fosse uma reunião de amigos... Mas era um evento público. O que eu acho é que essas pessoas jovens que organizam não conhecem a história. Faltou sensibilidade.”
Além do absurdo de ignorarem Jairzinho, Gérson, o próprio Zico e outros nomes que deveriam ter sido homenageados, destaco uma das linhas da declaração do Galinho de Quintino, que, fora do Brasil, jogou no pequeno time da Udinese, na Itália, e no Japão, e ficou marcado por perder um pênalti numa Copa do Mundo:
“O que eu acho é que essas pessoas jovens que organizam não conhecem a história.”
Concordo plenamente com o Zico no seu protesto contra os feiticeiros que fizeram o feitiço.
(Texto originalmente publicado no meu blog no JB).